sexta-feira, 12 de abril de 2019

Data-base 2018: Dia de negociação do setor público

No intuito de entrar num acordo e finalmente fechar a data-base de 2018, o SEMAPI foi até a Secretaria da Fazenda negociar as principais cláusulas com o governo do Estado. Muitos trabalhadores e trabalhadoras estiveram presentes tanto na parte da manhã, que tratou de EGR e EMATER, quanto na parte da tarde, que debateu a situação de fundações e UERGS.
Nos encontros, o Sindicato apresentou sua contraproposta, construída em conjunto com o Fórum de Representantes de Base. O governo se comprometeu a analisar bem todos os casos defendidos pelo SEMAPI e garantiu que dará uma resposta antes do dia 22/4, quando acontecerá uma nova assembleia para que a categoria possa deliberar sobre o texto final da proposta.
EGR e ASCAR-EMATER/RS
O SEMAPI iniciou a reunião defendendo o auxílio-refeição/alimentação, mas o governo se prontificou a dizer que esta era uma concessão abusiva, que só deve receber o benefício quem efetivamente trabalhou. O Sindicato ressaltou que nunca defendeu abuso de trabalhador e que abuso mesmo é, por exemplo, o governo planejar vender patrimônio público, como a Corsan, e usar o dinheiro para financiar empresas para comprarem outros patrimônios do Estado. Também foi explicado o histórico do benefício em que, numa impossibilidade de negociar reajuste salarial em anos anteriores, se concedeu a correção em forma de vale, e que por isso esta é uma cláusula sensível para a categoria.

O SEMAPI também destacou que está havendo uma certa dificuldade dos setores de Recursos Humanos das instituições entenderem da maneira como está posta a redação sobre descontos do vale alimentação. Assim, o Sindicato sugeriu uma redação incluindo que não perde o benefício quem tiver "falta justificada." Ficou claro na mesa que foi uma questão de má interpretação e que o governo vai melhorar o texto.

O Sindicato defendeu também o auxílio-educação infantil durante a licença-maternidade, pois da maneira que está escrito, a mãe não ganha o benefício mesmo que já tenha um filho que precise do auxílio. O governo disse que vai avaliar este e outros casos, como de doenças crônicas.

Especificamente sobre o Plano de Cargos e Salários (PCS) da EMATER, o Sindicato defendeu que a empresa deve aprovar ou não o texto que foi construído pela comissão paritária, pois se entende que a parte da gestão já está representada. "Queremos uma comissão que realmente represente a empresa, e que não faça a gente perder tempo discutindo algo que será modificado." No texto apresentado pelo governo, a comissão paritária perderia a sua autonomia.

Também foi tratada a liberação para os representantes de área, para que a estabilidade seja para os mesmos 26 trabalhadores, o que já está no acordo vigente. A liberação sindical também foi debatida, o SEMAPI propôs que sejam 2 servidores liberados para o Sindicato e 3 entre as associações. O Estado disse que teria que verificar este assunto diretamente com a gestão da EMATER, pois foi uma demanda da direção da empresa e não do Executivo.

Fundações e UERGS
Algumas cláusulas se repetiram na parte da tarde, como a questão do vale alimentação para quem está em auxílio-doença. Assim, o sindicato já entregou uma proposta de redação que segue um escalonamento regressivo. Dessa forma, evitamos os prolongamentos desnecessários fora do trabalho e não prejudicamos justamente aqueles que mais precisam.

A questão do auxílio-educação infantil, também discutida na parte da manhã, nós já levamos uma nova redação nos mesmos moldes do vale alimentação, com escalonamento. Deixamos claro na mesa que defendemos estas cláusulas que consideramos essenciais não para sermos ousados ou diferentes, mas por entendimento do que é justo, para a saúde e o bem-estar dos servidores no trabalho.

A questão do auxílio-rancho, o sindicato concordou com a proposta do governo e sugeriu que seja colocada neste acordo a referência à clausula original. Isso porque ela foi criada por conta de uma diferença salarial que foi dada através deste benefício. Assim, não se perderia a história da herança desta cláusula para os próximos negociadores.

Nos planos de saúde, o SEMAPI propôs apenas que o prazo para implementação dos acolhidos seja 30/08/2019, porque ainda precisam passar por adequações. A respeito da incorporação da gratificação de função, o próprio governo desfez um mal-entendido que estava na mesa, pois todos os trabalhadores que ganharam FG após 31/05/2018 terão suas gratificações incorporadas, porém não servirá para os que ganharem após a assinatura deste acordo. Um dos legados da reforma trabalhista.

O SEMAPI defendeu também a garantia de liberação dos diretores do sindicato, considerando no máximo 7, sendo o limite 2 por instituição. O governo se mostrou irredutível e disse que só pode manter os 7 atuais, ou seja, não valeria para novos diretores. O advogado do SEMAPI demonstrou toda a contradição que existe na Lei e argumentou que se o negociado se sobrepõe ao legislado, se pode sim chegar a um acordo sobre este assunto.

O SEMAPI disse que se orgulha de ser um sindicato que preza pela renovação, já que os diretores não podem exercer mais de dois mandatos consecutivos. Os representantes do SEMAPI na mesa de negociação também destacaram que o governo pode citar os argumentos jurídicos que quiser, mas que a decisão de não concordar com esta cláusula é política, que tem por trás uma intenção maior que é acabar com a representação dos trabalhadores.

FASE e FPE
Sobre a jornada compensatória, tema específico da FASE e FPE, houve bastante discussão e o SEMAPI apresentou sua proposta de redação para esta cláusula, reiterando a sugestão inicial de criar uma comissão paritária para construir esse texto. O Sindicato deixou claro que não quer tolher a gestão, mas que os trabalhadores precisam de uma garantia mínima de que não serão jogados de um lado pro outro conforme "as preferências do rei." O governo voltou a dizer que a gestão deve ter a liberdade de poder remanejar os trabalhadores, flexibilizar, como eles dizem.
O SEMAPI concordou com o governo quando este afirmou que há defasagem de trabalhadores nas casas, mas lembrou os negociadores que tanto o Sindicato quanto a categoria também querem equilibrar o quadro, mas que para isso é preciso de um regramento mínimo. A categoria precisa se sentir segura de que não terá injustiça ou perseguições. "Queremos condições que não desestabilizem nem a fundação nem o emocional do trabalhador."
Decisão
O Governo disse que irá analisar bem tudo o que foi defendido, não se comprometeu a mudar nada, apenas avaliar. Assim, ficou combinado que o Estado dará uma resposta final até o dia 22/04, quando será realizada a assembleia da categoria. O resultado desta decisão será levado para a reunião de mediação com o desembargador do Trabalho que está marcada para o dia 23 de abril. Esperamos que o governo tenha sensibilidade de rever algumas questões e que a gente possa fechar este acordo no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4).



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